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Regresso ao país natal

CUIDEM BEM DOS VOSSOS FAMILIARES DEPENDENTES

O meu pai faleceu em Junho de 2017. Sofreu muito: sofreu o desgosto da perda da nossa querida irmã mais nova que faleceu aos 47 anos de idade com cancro. Ela teve 7 semanas para saber que o fim estava garantido. Logo a seguir, o meu pai teve dois AVCs; o segundo conduziu à morte. Durou cerca de 18 meses. Eu pensava que ele ia recuperar mas enganei-me. Há coisas que eu gostaria de ter feito doutra da maneira mas sei que fiz o melhor que pude. Em Janeiro de 2017, ano em que faleceu, a decadência foi de tal forma brutal que tivemos que o colocar no lar onde ele passou muito frio porque os lares têm sistemas de aquecimento mas é só para Inglês ver. Por ter passado os últimos tempos a caminhar para o hospital devido a infecções respiratórias provocadas por engasgamentos, as escaras foram-se agravando e a que ele tinha na anca acabou por se transformar numa chaga incurável. Coitadinho do meu pai.

Demasiado doente para continuar em casa

Se não tivessemos chamado a ambulância, ele tinha-se ficado ali na passada sexta feira à hora do almoço. Devido ao faCto dele já não conseguir engolir e de guardar a comida na boca e também por não conseguir eliminar as secreções às quais a comida se ia juntar, sempre que o pai tinha o impulso para tossir, engasgava-se com a comida e, consequentemente, está agora internado com uma bronco-pneumonia e um

Pneumonia

TvEra o que faltava agora era uma bronco pneumonia. Nos últimos tempos o.pai engasga-se muito a comere tem tido grandes dificuldades a nivel respiratório. Na passada Sexta feira, se não tivessemos chamado.a ambulância, ele não tinha resistido com falta de ar. Está muito melhor hoje. Ficou feliz de me ver. Já não se ouve o ruído na respiração.

Pensei que não resistisse ...

... mas resistiu!

 

De repente o pai deixou de comer e beber. Os pulmões faziam um ruído, pareciam um tractor. Ele mal tinha força para tossir.

Decidimos levá-lo ao hospital. Fizeram-lhe radiografias e veio de volta para casa com medicação para a tosse e para ajudar a eliminar as excreções que ele, por não ter forças, não conseguia.

Naquela noite ele parecia não ir resistir.

Mas na manhã seguinte, lá estava ele. Os olhos mais abertos, a pela mais rosada! Até à hora do almoço, não ingeriu practicamente nada. A Éni deu-lhe a medicação de manhã com uma seringa mas ele guardou tudo na boca. Cantei-lhe uma das canções preferidas, La Cucaracha para ele acabar a frase, como de hábito nos momentos mais difíceis e ele, com muita dificulade lá a acabou, "marinero" o que o obrigou a engolir qualquer coisa para poder falar!

À hora do almoço consegui que ele comesse banana, kiwi, maçã e um pouco de sopa. Dei-lhe dos meus sumos da horta e um pouco de água.

Deixei-o no quarto a receber vapores de eucalipto.

 

 

A mãe está doente

Manhã 1

Antes de chegar a equipa da acadenmia:

Dei o pequeno almoço ao pai - água morna, duas ameixas, uma fatia de pão torrado com manteiga, meia chávena pequena de café com leite

Dei água morna à mãe na Esperança de que ajude

Preparei um saco de água quente para a mãe colocar onde tem a dor

Lavei a louça

Tratei do cão (que é meu dever)

Pus lenha na salamandra

A mãe ficou deitada.

Correu bem.

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À noite

Dei o jantar ao pai antes de vir a Zoia deitá-lo.

Antes de me ir deitar fui virá-lo para o lado direito.

A mãe está a sentir-se um pouco melhor mas ela já não tem energia para fazer rigorosamente nada.

Hoje já comeu qualquer coisa.

Senti que a presença da Clarice lhe fez muito bem.

Trabalho e mais trabalho ... para mim

Sempre que a Piedade vai lá a casa cozinhar, sobram para mim duas horas de trabalho a acondicionar a comida, lavar as panelas, arrumar as roupas e a cozinha. Só depois de tudo limpinho é que eu consigo, finalmente, vir para o meu emprego.

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Vamos lá arrumar ...

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... duas horas depois ... ... já posso ir para o meu emprego a tempo quase inteiro !

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Sempre violento

Hoje o pai fou muito violento para as mulheres. Uma delas saiu de lá com vermelhidões nos dois braços. Ele tem um ferida no joelho do dia em que o tentámos pôr no carro e que ele se deixou cair e ficar de joelhos. A violência é, e sempre foi, a sua caraCterística mais forte. É lamentável.

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PARA QUE NÃO RESTEM DÚVIDAS

Saibam que eu preferia, DE LONGE, ter a minha liberdade de volta.

 

Mas, por ser prisioneira das circunstâncias devido à tragédia que abalou a nossa família, não posso viver a minha  vida inteiramente à minha maneira porque tenho uma consciência que me obriga (no bom sentido) a dar assistência a quem me deu a vida e se encontra num sofrimento que só eles sabem.

 

Se eu fosse doutro naipe, virava-lhes as costas para ser livre. Mas sou deste naipe.

 

No que respeita ao dinheiro que se anda a gastar, eis

 

Se eu fosse livre:

 

O CARRO

A - Vinha a pé ou de bicicleta para o trabalho quase todos os dias como fazia antes. Consequentemente, mal precisava do carro, e nem sequer ia almoçar a casa. Raramente saía aos fins-de-semana o que significava pouco gasóleo e pouco desgaste. Em gasóleo era capaz de gastar 20 euros por mês. O carro estava quase sempre parado!

 

ALIMENTAÇÃO

B - Comia apenas grelhados e saladas o que me custava uma insignificância. Cheguei a registar as minhas despesas tendo concluido que conseguiria viver com apenas 150 euros por mês, tudo incluido. Na comida era capaz de gastar 80 euros por mês pois consumo bastante da horta.

 

Mas como não sou livre:

 

O CARRO

A - Presentemente, tenho que vir trabalhar de carro todos os dias para ir almoçar a casa a fim de dar apoio à mãe e deitar o pai à hora do almoço. Enquanto que antes eu ia às compras apenas uma vez por semana, agora tenho que sair várias vezes, não apenas para fazer as compras da família mas também para a mãe sair do buraco da depressão e tenho também que dar muitas outras voltas para tratar de assuntos da família toda. Eu sou a motorista de todos e, sem mim, poucas coisas se fazem.

O carro NÃO PÁRA!

 

ALIMENTAÇÃO

B - Agora que a mãe se encontra naquele estado depressivo (Deus nos livre alguma vez estar no lugar dela/deles), quando não é a Piedade a cozinhar para a familia tenho que ser eu (embora a mãe também cozinhe muitas vezes) e isso faz com que a minha gula se esbanje mas vou ter que comba- ter essa tendência. Presentemente como à custa dos nossos pais. Para além disto: Passo uma grande parte do meu tempo a registar cada cêntimo que gasto do dinheiro do pai para justificar a quem diga respeito, inclusivamente, a mim própria. Desde ter criado a ficha excel, até arquivar cada documento, é uma tarefa que ocupa o meu tempo a minha mente.

 

FT DA ELECTRICIDADE vs FT DE TELEFONE / TV / INTERNET

Enquanto que o pai paga a factura da electricidade pois, a pedido dele há alguns anos, a factura foi domiciliada na CGD para apresentar actividade na conta, eu pago a Factura do telefone, TV e internet que é usada pela família toda. Neste campo, estamos quites. A máquina da roupa não pára para lavar mais roupa da casa da mãe do que da minha, no Inverno liga-se o aquecedor electrico no quarto do pai porque a salamandra só aquece a casa enquanto se está a pôr lenha e se o pai se destapar durante a noite morre de frio porque não tem reacção para se voltar a acachar.

 

O MEU TEMPO DE TRABALHO

Fico em casa todas as quartas para não andar tão controlada por horários. Essa folga custa-me uma média de 30 euros por dia que dedico INTEIRAMENTE à horta para a zelar e cultivar. Isto é trabalho para toda a família que mais ninguém faria, embora seja de meu interesse também. Sejamos realistas, se não fosse eu a propriedade inteira pareceria uma autêntica selva. Assim tem árvores de fruto, legumes e zelo de que todos podemos desfrutar e apreciar.

 

Quando o dinheiro se acabar é que vai ser o delas.

 

Note-se que este texto não é uma reclamação mas, sim, um explicativo.

Não me arrependo de ajudar os meus pais, faço-o do coração com muita compaixão mesmo quando as coisas correm menos bem.

Sinto-me grata pela vida que me deram e peço a Deus que nos dê, a todos, muita saúde para aguentarmos o barco chamado VIDA.

RELEMBRO QUE SOU EMPREGADA A TEMPO QUASE INTEIRO.

No longer all.by my "selfie"

Partilha: Venho esclarecer o porquê de ter saido do grupo que incluia os nossos filhos para falar/ralhar sobre a situação familiar: Devemos dar apenas BONS EXEMPLOS aos mais jovens. Não era o que estava a acontecer. Presentemente, sinto-me mais aliviada devido à ajuda que vem de fora. Obrigada, Éni pela tua persistência. Agora que a Clarice vem dar o almoço ao pai, até já me pude dar ao luxo de ir almoçar fora, sózinha, como fazia antes. A mãe até tem outro ânimo com a presença dela! Depois, fui a casa preparar as coisas para a Piedade, ajudei a Clarice a pôr o pai na cama e ela ficou a mudar-lhe a fralda. Já tinha lavado a loiça e o chão. Deus queira que o pior esteja passado. Muito obrigada aos dois pelo vosso apoio. Coitadinha daquela pobre rapariga que es

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tá nos meus pensamentos a toda a hora.

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